quarta-feira, 21 de julho de 2010

Uma verdade Inconveniente

Há um ditado, que creio ser de origem árabe que diz que "a verdade é como que um espelho que se partiu em imensos pedaços. Cada um de nós pega num pedaço e fala sobre o que lá vê."Todos nós precisamos de verdade para viver e ela é algo que não podemos adquirir de ninguém. É nela que baseamos o nosso sentido equilibrio, pois é ela que define o que está certo e o que está errado, o que é sensato e o que é ridiculo. Mas o que define esse equilibrio? O que o constitui? o que o destroi? Porque não achamos ridiculo aquilo que era considerado verdade há uma centena de anos? Porque não rebolamos no chão a rir com as "verdades" que durante séculos regularam o mundo?Cada época, cada década, cada idade da vida tem as suas próprias verdades com as quais definimos a nossa realidade.O homem é, tanto no corpo como na mente, um equilíbrio de tensões. Só que as da mente, mais do que as do corpo, reorganizam-se com mais frequência. Equilibrado o espírito, temos a necessidade de incorporar uma ideia nova. Se esta não for expulsa, então é porque vemos nela verdade. Porque a verdade é isso mesmo: a inclusão de seja o que for no nosso mecanismo sem que seja criado conflito e que consigamos perceber coerência entre esse novo conhecimento e o que anteriormente tinhamos aceite. E, em certos momentos da nossa vida, deparamo-nos com verdades que se fortalecem dentro de nós e quando começam a ganhar raizes no nosso ser, começam a sobrepor-se ao que anteriormente tinhamos dentro de nós. E isso leva-nos a, de tempos a tempos, termos a necessidade de parar para reorganizar todo o esquema mental com que regíamos a nossa vida pois a verdade é um modo de estarmos bem connosco. Mas, muitas vezes, é um mistério sabermos o que nos faz sentir bem ou mal.As verdades de há cem anos são hoje ridículas porque sim. Até nos meus textos anteriores, publicados ou não, aquilo com o qual já não me identifico, não são muitas vezes as ideias ou a argumentação, mas a forma como olhava para os argumentos, os problemas, o "nível humano" como encarava as situações sobre as quais escrevia. Leio um texto escrito há um ano ou mais e é isso que sinto... que era eu, mas há uns tempos atrás. O autor é exactamente o mesmo. Há um nível etário para essa verdade existir. A verdade de que falei no passado é exactamente a de hoje. E, apesar disso, há um desfasamento no modo como corri para ela, me entusiasmei e me comovi com ela. Todos esses processos ainda agora estão presentes no meu dia-a-dia, mas num registo diferente. Não são as verdades que envelhecem, mas sim o nosso rosto e a nossa alma.

3 comentários:

  1. Uma coisa são as nossas "verdades" outra coisa, absolutamente diferente, é a VERDADE; Jesus Cristo (João,14:6)
    Abraço

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  2. Sim. Mas é inevitável que a nossa “verdade” também vá sendo formada pelas nossas experiências e vivências. Pelo que apreendemos do mundo, por aquilo que os outros nos transmitem. E muito poucos lêem a bíblia e menos ainda a sentem e a seguem. Mesmo que digam que o fazem! E acreditar que não é assim… é uma mera ilusão. Mas é com essa crença que muitos optam por viver. Torna o mundo mais fácil.
    Como me disseram uma vez, “Se a verdade é incómoda, guarda-a para ti!”. Compreendo… assim apenas as minhas “verdades” são abaladas. E assim farei!

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  3. Calma; não contestei o que dizes no post. Apenas quero dizer que as nossas verdades, para fazerem algum sentido, devem estar sujeitas à VERDADE das verdades.
    Que poucos lêem a Bíblia é uma verdade que me emtristece que mesmo aqueles que dizes que lêem não leiam entristece-me ainda mais. Apesar destas verdades (tristes) as VERDADES da Bíblia não deixam de o ser porque poucos as procuram.
    Abraço

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