quinta-feira, 16 de julho de 2009

"O que me preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons" - Martin Luther King



Quando estas palavras foram ditas, foi num contexto de racismo e de revolta social de um tamanho tal que eu na minha curta existência e neste cantinho abençoado do planeta nunca tive de presenciar. Mas facilmente consigo transpor este pensamento para o dia-a-dia e o tornar num pensamento para todos nós. Quantas vezes permanecemos imóveis e silenciosos perante algo de errado, simplesmente porque não é nada connosco ou é mais fácil permanecer na sombra à espera que a situação se resolva sozinha.
Eu próprio já tive esta atitude algumas vezes e acabei sempre por me arrepender. A ultima que me lembro, foi em tuna e devido ao desaparecimento do nosso estandarte. Efectivamente a culpa não tinha sido minha, mas a minha passividade perante este erro do grupo, deu origem a um "raspanete" que na altura levei a mal e me senti injustiçado. Hoje, olhando para trás, só posso dizer – "desculpem a minha passividade e Chico... desculpa as minhas palavras."
Esta foi uma situação que se resolveu facilmente e da melhor forma tornando-se assim mais fácil digerir esta minha falha.
Mas quantas vezes é que o bichinho da passividade te mordeu e ficaste a olhar, à espera que o problema se resolvesse sozinho ou que um outro alguém arregaçasse as mangas e resolvesse a situação por ti?
Quantas pessoas conheces, que não estão felizes, que estão com problemas, que estão em situações ambíguas e tu nada fazes alem de um... "está tudo bem?"
Quantas pessoas vês à tua volta, que precisam da tua ajuda, das tuas palavras, dos teus conselhos e tu permaneces de mãos no bolsos a dizer... "eles são gregos que se entendam?"
Tens a noção que na maior parte das vezes, os problemas se tornam muito mais leves, simplesmente por lhes dares o teu apoio, emprestares os teus ouvidos, estenderes a tua mão?
Porque não ages? Porque não dizes, estou aqui fala-me da verdadeira dimensão da situação. Não prometo solução, mas prometo a minha amizade.
De que tens medo? De ter responsabilidade? De ter de dedicar mais de 5 minutos a um amigo? De ter de lidar com os teus próprios fantasmas através dos problemas de outro?
Há quem diga que a verdadeira pobreza é encoberta e escondida pelos próprios. Com a dor e o sofrimento pessoal funciona da mesma forma. Muitas vezes, passa-nos despercebido as dificuldades alheias e quando nos apercebemos, o espanto é tanto quer pela já enorme dimensão do problema à tanto escondido, quer por tantas vezes o olharmos sem o conseguirmos ver, que ficamos imóveis e sem reacção. Somos levados a ficar a assistir pensando que a pessoa virá ter connosco se realmente necessitar ou confiar em mim. Mas se assim fosse, porque o escondeu durante tanto tempo? Será que não foi alguma atitude tua que retraiu a partilha? Será que também não tens culpa nessa falha de comunicação? Se nasceu em ti alguma dúvida pelo que acabaste de ler… não hesites, perde uns minutos da tua vida e age. Se não nasceu dúvida, desde do poleiro e relê. Todos temos destas situações, podemos não nos aperceber, mas parando e reflectindo, encontramos logo várias. Eu lembrei-me de uma, por isso vou pegar agora no telefone e ganhar 10 minutos na conversa com um amigo. Sem medo do que vou ouvir e sem medo de ser intrusivo. No final de contas… É um bom amigo. Como um irmão.

4 comentários:

  1. Curioso raciocínio. sabemos que o estilo de vida moderno reflecte valores que inspiram ao individualismo e falta de "amor ao próximo". Na pratica, quando observamos algo de errado na pessoa na nossa frente, não nos queremos incomodar, "a minha carga já é pesada, fará ajudar a levar a carga do outro...". Ora, na realidade o principio aplicado nestas atitudes se estende de uma forma muito mais agravante em outras áreas, por exemplo, problemas ambientais, crise financeira, etc. "Há mais felicidade em dar do que há em receber." Estas palavras não são minhas, reflectem sabedoria divina, no entanto são definitivamente a solução.

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  2. Ligado com este assunto está a conhecidíssima frase: "Entre marido e mulher não metas a colher". Por causa desse tipo de filosofia (egoísta)é que o problema da violência doméstica tem a dimensão que tem no nosso país.
    Alguém disse que: "Os cristãos estão neste mundo não para serem contemplativos ou contemporizadores e sim interventivos"

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  3. Exactamente. Muitas das vezes os problemas de cada um, permanecem mudos e escondidos, pelo medo que quem os enfrenta tem de ser ainda mais castigado, julgado ou criticado. O estender de uma mão, muitas vezes é a tábua de salvação que procuram. E aquela mancha que poderia ser "apagada" ou mudada inicialmente, torna-se num enorme fardo. Isto entre marido e mulher, entre amigos, entre patrão e empregado, entre professor e aluno e em qualquer outro tipo de relação inter-pessoal. E um amigo bem intencionado nunca incomoda.

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  4. Quanto a mim está tudo amigo. Estou a curtir esta tua nova onda. Se tivesse que te definir por algum motivo diria: um grande coração, um óptimo ser humano que nem sempre o consegue demonstrar. Nem sempre ages como tal mas quem perder algum tempo a avaliar percebe o bom homem que és. Agora pareces-me mais disposto a tirar a máscara e mostrar que não és lobo mas sim um carneirinho. Até de nome:) Deve ser o peso da idade:) Só espero que o Tuno Varadas não desapareça, fazem falta tunos como tu. Abraços sempre.
    Chico.

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