sexta-feira, 24 de julho de 2009

País de brandos costumes


"Se você quiser civilizar um homem, comece pela avó dele."
Foi esta frase de Vitor Hugo que me levou a estas palavras. Portugal, país de brandos costumes, é também um país onde a falta de civismo e educação impera. Todos os dias somos confrontados com atitudes egoistas por parte de todos os que nos rodeiam. Mal saimos de casa, às 8 da manhã, começamos a assistir uma total falta de respeito pelo próximo e pelo nosso planeta. Somos uns autenticos bárbaros a conduzir e o trajecto até ao local de trabalho torna-se um verdadeiro desafio. Além das constantes infracções ao codigo da estrada que colocam todos em perigo, além dos ditos "espertinhos" que furam por todo o lado e nos aparecem à frente vindo sabe-se lá de onde, ainda temos que aturar a poluição que fazem. Pelas janelas desses mesmos carros sai mesmo de tudo, desde música aos berros de todos os tipos e feitios, a papeis, comida, pontas de cigarros, etc. Chegados ao local de trabalho e depois de 30 minutos à procura de um lugar para estacionar, começamos a caminhada até aquela que vai ser a nossa "casa" pelas próximas 8 a 10 horas. Pelo caminho, é uma mistura de cuspidelas para o chão, lixo atirado para qualquer lado, "prendas" de caezitos cujos donos é que deveriam usar a trela e com uma banda sonora de carros a buzinar e pessoas a insultarem-se e a berrar por tudo e por nada. Finalmente, estamos sentados na secretária e pensamo-nos a salvo daquela selva exterior. Começam os papeis que eram para ontem, a luta incessante pela próxima promoção, a mentira, a cusquice, o desdém, a inveja.
Hoje passamos incolumes, nenhum estória inventada a nosso respeito, parece que tudo vai melhorar até que nos metemos de novo no carro, onde chegamos tipo zombies e já não nos importamos com mais nada. Agora é apenas chegar a casa e descansar de tudo isto e recuperar as forças para mais um dia. Entramos em casa, sentamo-nos, colocamos aquela música que nos faz relaxar e começar umas mini-férias interiores. Chegam os vizinhos com os filhos hiper-energéticos num berreiro que começa porque querem ficar no pátio a brincar, prolonga-se para o banho, demora-se porque não gostam do peixe do jantar e termina quando lhes é dito que chegou a hora de dormir. Alto, afinal os rapazitos não querem dormir... mais 15 minutos de "negociações" e lá acaba por vencer o joão pestana.
Ah, finalmente, são 22h e vamos poder descansar. A não ser que... pois, os restaurantes estão a fechar e as pessoas insistem em ficar mais uma hora a conversar à porta dos carros. E conversas acesas, talvez alimentadas pelo calor provocado por uma refeição bem regada.
Mas será que esta gente pensa que está sozinha no mundo? Nos paises nórdicos, o civismo e respeito pelo próximo começou a ser ensinado à muitos anos, quando ainda os avós dos jovens de hoje eram ainda miudos. E hoje nota-se uma diferença brutal! Quem me dera poder, num gesto só, mostrar a todos estes portugueses de brandos costumes, que existem pessoas para além deles próprios e que também merecem ser respeitados, não os obrigando a assistir em lugar de bancada a todas as barbáries que fazem.
Enfim, amanhã tento educar o mundo... por hoje desisto e vou para a cama, fecho as portadas duplas e isolo-me da loucura exterior.

3 comentários:

  1. Dado que os que assim procedem hoje são os avós dos de amanhã, podemos imaginar como serão as coisas amanhã...

    ResponderEliminar
  2. Se cada um de nós agitar um pouco as consciências a que consegue chegar, talvez ainda consigamos inverter um pouco esta tendência.

    ResponderEliminar
  3. Olha não sei se o outro comentário, mas já agora também deixo aqui outro, neste post.

    Há dias afirmei que Portugal têm 20 e poucos anos e que só agora é que estamos lentamente a evoluir e a chegar perto do nível médio do resto dos países europeus. Faço esta afirmação com base na história e a história diz-nos que tivemos sobre uma ditadura bastante fechada em nós próprios durante décadas e apesar de termos tido uma revolução há 35 anos, só há 22(quando entramos na UE) é começamos lentamente a crescer a nível estrutural e económico. Se pensarmos que a geração de 70 é actualmente a população activa portuguesa, ainda temos um longo caminho a percorrer para que a mentalidade portuguesa mude. Talvez daqui a 2 gerações as coisas alterem-se a nível social e acompanhadas(espero eu), por boas alterações estruturais.

    É pá, sou mesmo um sonhador=P


    Abraço!

    ResponderEliminar